Oficinas para professores na UERJ
Foram desenvolvidas três oficinas para docentes de língua portuguesa e graduandos do curso de Letras. A proposta de cada uma foi debater questões sobre a fundamentação teórico-metodológica que subsidiasse a aplicação de uma proposta de ensino de LP para alunos surdos em salas de inclusão. Nas oficinas, foram utilizadas dinâmicas de grupo, exposições dialógicas e atividades lúdico-educativas. Foram tratados os seguintes temas: informações gerais sobre surdez e a Língua de Sinais; análise e adaptação de materiais didáticos; avaliação crítica de materiais existentes e elaboração de materiais para ensino de português como L2 para alunos surdos. A metodologia adotada para a organização das oficinas foi: a) seleção da bibliografia acerca do assunto; b) busca e coleta de materiais didáticos destinados a alunos surdos; c) produção de cartazes e fôlderes para divulgação; d) organização e elaboração das atividades da oficina; e) acompanhamento da inscrição on-line dos participantes; f) realização do controle de frequência dos participantes (75%) para emissão de certificados.
Nossa primeira oficina teve como objetivo sensibilizar os professores e graduandos para questões relativas a impedimentos sensoriais e fornecer informações gerais sobre surdez e a Língua de Sinais. Iniciamos a oficina com a "Dinâmica do quebra-cabeça", jogo em que cada grupo tinha que montar um quebra cabeça com uma “limitação”. As “limitações” eram: um grupo não podia falar, um grupo não podia andar, um grupo só podia trocar peças e um grupo só podia recebê-las. Essa dinâmica foi importante para que os participantes tivessem a experiência de que as diferenças não impedem que nossos objetivos sejam alcançados. Em um segundo momento, foram exibidos trechos do documentário "Travessia do Silêncio", de Dorrit Harazim, que mostra a relação dos surdos com o mundo dos ouvintes. Houve um debate sobre os casos mostrados e todos puderam compartilhar suas opiniões e sentimentos a respeito desse mundo. Por fim, entregamos uma cartilha sobre surdez para que todos pudessem ter mais informações sobre a área.
Nossa segunda oficina teve como objetivo analisar e adaptar materiais didáticos de diferentes tipos, reconhecendo sua ênfase na descrição ou no uso da língua. Em um primeiro momento, trabalhamos com o conceito de material didático e qual a sua importância, destacando as diferenças e semelhanças do MD para ouvintes e para surdos. Depois, fizemos uma dinâmica, utilizando Cine Gibi da Turma da Mônica, para mostrar a necessidade do uso da adaptação do material didático para auxiliar no processo de aprendizagem. Em seguida, trabalhamos com questões relacionadas a adaptação de materiais, destacando possíveis movimentos e mostrando exemplos de materiais adaptados. Por último, distribuímos diversos materiais a serem adaptados e debatemos possíveis modificações para que fosse possível aproveitá-los para alunos surdos.
Nossa terceira oficina objetivou avaliar criticamente materiais existentes, apontando o alinhamento que estabelecem com diferentes contextos de ensino, e elaborar materiais para contextos de ensino de português como língua segunda língua para alunos surdos. Inicialmente, fizemos uma dinâmica com o material didático descontextualizado para mostrar a necessidade de adequação do material ao contexto escolar. Em um segundo momento, revisamos os conceitos trabalhados anteriormente e trabalhamos com materiais adaptados, analisando-os de acordo com os critérios de avaliação estabelecidos. Depois, mostramos textos de diversos gêneros e propomos que os participantes elaborassem materiais e os apresentassem para os demais. Para o encerramento das oficinas, fizemos uma pesquisa de opinião com todos os participantes para sabermos as opiniões sobre os materiais apresentados e as dinâmicas feitas.
Avaliação dos resultados
Os processos de avaliação são indispensáveis para garantir o êxito de qualquer projeto. Foram elaboradas avaliações tomando como base, por um lado, o acompanhamento de implementação e desenvolvimento das oficinas e, por outro, a avaliação das atividades da oficina por parte dos participantes. No primeiro processo avaliativo, buscou-se verificar os aspectos de inovação pedagógica, assim como seus efeitos positivos e pontos críticos. Uma das formas de avaliação utilizada foi o método de fracionamento do projeto em conjunto de atividades, observando a previsão das ações a serem implementadas e os prazos envolvidos para a execução das mesmas. Outro instrumento avaliativo empregado foi a realização de um portfólio, em cada bloco de atividades, de todas aas atividades desenvolvidas referentes ao projeto, além de um relatório parcial da etapa em que se encontra. Já o segundo processo contou com uma pesquisa de opinião, na qual cada participante deveria pontuar (de 1 a 5) a qualidade do material e dos conceitos apresentados, a pertinência das atividades e a eficácia das discussões desenvolvidas.
Os indicadores avaliativos das oficinas conjugados com os do acompanhamento das atividades mostraram-se ideais para que pudéssemos avaliar se as propostas estão cumprindo seus respectivos objetivos e tenhamos o conhecimento de quais atividades funcionaram e quais dinâmicas que ainda precisam ser adaptadas. A fim de registrar os diversos fazeres implementados, foram utilizados instrumentos avaliativos visando à intervenção e ao (re) planejamento de ações, a saber: a) roteiro de planejamento das atividades desenvolvidas; b) fichas de inscrição, avaliação e acompanhamento das oficinas; c) lista de presença dos participantes; d) mapa de atendimento e relatório das atividades; e) questionários avaliativos acerca do trabalho desenvolvido (pesquisa de opinião).
Vanessa Gomes, Angela Baalbaki e Catarina Modesto , integrantes do projeto.